sábado, 26 de abril de 2008

Cristianismo Mutante

Geoffrey Blainey, autor do livro que estou lendo, ao abordar o surgimento e desenvolvimento do Cristianismo observa de forma categórica:

"O cristianismo tornou-se como um sapato nas mãos de cem sapateiros, assumindo muitas formas diferentes até o ano 300. De província para província, a Igreja em expansão diferia em suas crenças e rituais. Um mercador e sua esposa que se transferissem de uma congregação na Ásia Menor para uma na Itália provavelmente teriam um choque quando vissem pela primeira vez seu novo pastor executar os rituais ou explicar sua teologia." Uma Breve História do Mundo, pág. 106.

Um pouco mais a frente ele relata a que ponto o Cristianismo mudou após quatro séculos de existência:

"... e os primeiros seguidores de Cristo tivessem voltado a viver, não teriam reconhecido muitas das crenças e rituais da Igreja que eles tinham ajudado a fundar." Idem, pág. 109.

Esta última frase me fez recordar de um texto que li num livro publicado pela CPB (2005) de autoria de um dos maiores professores de história da Igreja Adventista, George R. Knight:

"A maioria dos fundadores do adventismo do sétimo dia não poderia unir-se à igreja hoje se tivesse de concordar com as '27 Crenças Fundamentais' da denominação." Em Busca de Identidade, pág. 16.

O interessante é que ele foi corajoso o suficiente para, além de reconhecer isto, ser bem específico:

"Para ser mais específico, eles não poderiam aceitar a crença número 2, que trata da doutrina da trindade ... a maioria dos fundadores do adventismo do sétimo dia teria dificuldade em aceitar a crença fundamental número 4, que afirma a eternidade e a divindade de Jesus ... a maioria dos líderes adventistas também não endossaria a crença fundamental número 5, que trata da personalidade do Espírito Santo." Idem, pág. 16 e 17.

Na verdade, todas estas três especificações se resumem na primeira, Trinitarianismo.

É curioso observar que entre as mutações ocorridas no Cristianismo nos primeiros três séculos e as mutações ocorridas nas Crenças Fundamentais dos Adventistas, destaca-se como um ponto comum a introdução do dogma da Trindade.

O cristianismo começou a preparar caminho para o trinitarianismo já no Credo de Nicéia em 325 d.C. e o incorporou de forma definitiva no Credo de Atanásio entre 381 e 428 d.C.

A Igreja Adventista começou a preparar caminho para o trinitarianismo com o artigo de F.M. Wilcox em 1913 e o incorporou de forma oficial na Assembléia Geral de Dallas em 1980.

Como estas mutações são historicamente irrefutáveis, desenvolveu-se o pensamento da "Verdade Progressiva", ou seja, assim como na série fictícia "X-Men" as mutações produziram seres humanos mais fortes e com habilidades especiais, assim também defende-se as mutações teológicas como uma evolução no processo de crescimento da igreja.

E você? Como entende estas mutações?

2 comentários:

  1. Curiosamente combatem quem pensa diferente usando uma expressão técnica. Falam de inspiração estática, considerada por eles como erro e defendem a revelação progressiva.

    Cada vez mais eu me convenço que deteminados teólogos não acreditam nisso, apenas defendem o emprego.

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  2. Todos sabem que o cristianismo é um lenitivo oportuno para os fracos e oprimidos. Rezam tanto por Maria se esquecem de Pulquéria que a colocou na história cristã.O Filho se igualou ao Pai,Maria tornou-se importante e o surgimento da santíssima trindade, tudo se deu durante os três primeiros concílios. Nada mais justo se Constantino,também,fosse um apóstolo.Os adventistas,sabatistas,batistas e outras assembléias são dissidentes e suas opiniões não têm valor neste mercado.(O cristão).

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