sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Espiritismo Moderno ou Ilusionismo Antigo – Parte 5


Como vimos na postagem anterior, para Houdini tanto um mágico ilusionista como um médium espiritualista se valem das mesmas técnicas de ilusão, com a diferença na forma como apresentam seus truques. Enquanto o primeiro os apresenta num contexto teatral com a finalidade de entreter e divertir seu público, o segundo os apresenta num contexto místico e/ou religioso com o objetivo de enganar e angariar adeptos para sua "cau$a".


Vejam por exemplo o caso deste famoso espiritualista escocês chamado Daniel Dunglas Home, considerado pelos espíritas como um dos mais poderosos médiuns do século XIX. Quando fez nove anos foi levado por seus tios para morar nos Estados Unidos. Em 1850 (quando estava com 17 anos) sua mãe morreu e batidas semelhantes às ouvidas na casa da família Fox começaram a ser ouvidas na casa onde morava com seus tios.

Sua tia, com medo que o jovem Daniel tivesse feito entrar o demônio, o expulsou de casa, obrigando-o a sair vagando pelo país e abrigar-se nas casas de amigos que queriam ver suas habilidades como médium. Conseguiu viver desta forma por uns vinte anos. Embora não cobrasse pelas sessões que realizava, recebia sempre muitos presentes e generosas doações de muitos de seus admiradores ricos.


Quando tinha ainda apenas 22 anos fez uma viagem à Inglaterra patrocinado pelos espiritualistas americanos. Suas sessões eram impressionantes e enchiam os teatros atraindo a elite da época com a produção de efeitos tais como, mover objetos à distância, manipular fogo e carvão em brasa sem se machucar, e levitar-se até dois metros do solo em plena luz do dia. Em uma de suas levitações mais famosas diante de três testemunhas, Home teria levitado para fora de uma janela de um quarto em um terceiro andar e entrado de volta pela janela do quarto ao lado.

Veja este testemunho da Rainha Sofia da Holanda: “Eu o vi quatro vezes ... eu senti uma mão tocando a ponta dos meus dedos, vi um sino dourado pesado movendo-se sozinho de uma pessoa para outra, vi meu lenço mover-se sozinho e retornar para mim com um laço”.

Daniel Home casou-se duas vezes e conviveu a maior parte de sua vida com uma tuberculose incurável. Seu estado de saúde foi piorando cada vez mais ao ponto dele parar com suas apresentações, quer dizer, “sessões”, alegando que seus poderes estavam falhando (mas não era tudo ação dos espíritos?). Faleceu no ano de 1886 com 53 anos.


Daniel Home: Mágico ou Médium?

Embora Home fosse um divulgador da doutrina espírita da imortalidade da alma, suspeitava de qualquer médium que alegasse possuir poderes que ele não possuía (tal como os “Irmãos Eddy” que alegavam ter a habilidade de produzir formas sólidas de espíritos). Ele taxava os médiuns com poderes de materialização como fraudulentos, uma vez que sempre trabalhavam em lugares pouco iluminados.


Home até chegou a escrever um livro em 1877 intitulado como “Lights and Shadows of Spiritualism” (Luzes e Sombras do Espiritualismo), onde detalhou os truques empregados por falsos médiuns (só não revelou ali os seus, é óbvio!).

Por outro lado, haviam muitos que viam Daniel Home como suspeito de fraude. Entre estes encontramos Frank Podmore e Milbourne Christopher que apresentaram uma rico material especulando sobre as técnicas que Home usava iludir seu público (penumbras e sombras para ocultar “segredos”, e até um companheiro que em todas sessões se sentava do lado oposto a ele).

Porém, precisamos tirar o chapéu para Daniel Home, pois ele nunca foi pego em flagrante ou exposto de forma conclusiva numa fraude. Quer dizer, o cara era um baita de um malandro inescrupuloso, mas também um excelente mágico.

Conta a história que perto do fim de sua vida, Daniel Home em uma conversa com Philips Davids, seu médico particular, fez esta constrangedora declaração:

“É verdade antes de tudo que aquela multidão de espíritos diante dos quais se ajoelham as almas crédulas e supersticiosas jamais existiram, ao menos para mim. Eu nunca os encontrei em meu caminho”.
(...)
“Um médium não pode acreditar nos espíritos. É mesmo o único que neles nunca pode acreditar”.


Quantos as levitações... bem, mágicos como Criss Angel, Cyril Takayama, entre outros, conseguem levitar-se e fazer outros levitarem, mas sem precisar alegar mediunidade. Just ilusionism!





Continua...

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