segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Férias de Verão sem Deus


Meu amigo Enéias publicou uma matéria em seu blog que eu achei muito curiosa e interessante. Chama-se: "Colônia de Férias para Ateus".

Inicialmente pensei tratar-se de alguma sátira ou analogia provocativa, porém me surpreendi ao saber que a tal colônia existe e é levada a sério pelos seus organizadores.

Imediatamente digitei o nome "Camp Quest" em um site de busca e lá apareceu como o primeiro da lista o nome do site oficial: "Camp Quest: It's beyond belief" (Camp Quest: É inacreditável).


Na página de apresentação eles orgulhosamen- te anunciam:

"Camp Quest é o primeiro campo de férias residencial na história dos Estados Unidos para os filhos dos ateus, livres pensadores, humanistas, Brights (não consegui traduzir esta palavra), ou qualquer outro termo que pode ser aplicado para aqueles que possuem uma visão de mundo naturalista, e não sobrenatural."

A idéia do projeto nasceu de Edwin Kagin e de sua esposa Helen em 1996 com o objetivo de "proporcionar às crianças de pais que pensam de forma independente um acampamento de verão residencial dedicada a melhorar a condição humana através da investigação racional, crítica e criativa de pensar, método científico, o auto-respeito, ética, competência, democracia, liberdade de expressão e da separação entre religião e governo garantidos pela Constituição dos Estados Unidos".


Atualmente eles contam com 7 campos na América do Norte (Ohio, Smoky Mountains, Minnesota, Ontário, Michigan, Califórnia, Flórida) e 1 na Inglaterra (Londres).

O site da unidade inglesa afirma: "Os acampantes aprendem sobre ciência, método científico, pensamento crítico, religiões mundiais e separação igreja-estado. As histórias bíblicas e metáforas são discutidas no contexto da formação cultural. Aos acampantes também é ensinado que seu comportamento ético não depende de crenças e doutrinas religiosas, e que as crenças religiosas e as doutrinas são, por vezes, um obstáculo para o comportamento ético e moral, e que as pessoas sem religião também são boas e totalmente capazes de viver uma vida feliz e significativa".

Colocação fantástica, não é mesmo?


Outra coisa que o Enéias mencionou em seu blog, e que eu achei interessantíssimo, foi o depoimento daquele pai de três meninos que nos serve como evidência de que tais acampamentos não são procurados por pais que querem isolar seus filhos de qualquer contato com a religião, muito pelo contrário:

"A coisa mais importante para mim aqui é dar para eles uma variedade de experiências e estimular que eles entendam o máximo possível de religiões e de ciências, e dar a eles as ferramentas para que decidam por conta própria o rumo que querem seguir." - Leeroy Murray.

Ele até chegou a afirmar que não descartaria a possibilidade de mandá-los também para um acampamento religioso. Tenho para mim que uma das maiores necessidades deste mundo é de pais que pensem como este homem.


Achei brilhante a idéia de atividade científica chamada "A busca dos dois Unicórnios invisíveis". Segundo Samantha Stein, diretora do acampamento, o objetivo desta atividade é fazer com que as crianças pensem sobre coisas como ônus da prova:

"Quem precisa provar que os unicórnios estão lá... é a pessoa que diz que eles estão ou é a pessoa que diz 'Não, eu acho que você não está certo'?"

É triste ver que muitos religiosos não entendem e nem sabem respeitar este tipo de empreendimento. Eles são tão tacanhos, mesquinhos e bitolados em suas convicções que ao invés de defenderem tal iniciativa como uma grande aliada na busca pela verdade, só sabem condenar e criticar.


Para mim isto é mais uma forte evidência da total insegurança que sentem diante de pessoas que incentivam a busca pela verdade promovendo o livre pensar de forma honesta, sensata e racional, ao invés de simplesmente sair acreditando em qualquer coisa que ouvem, só porque um dia alguém escolheu crer e ensinar assim. Se temem a investigação é porque sabem que podem não estar com a verdade, pois a verdade nunca deveria temer a investigação.

Pena que não temos nenhuma filial deste tipo de acampamento aqui no Brasil, pois caso tivéssemos, não somente enviaria meus filhos para lá, como também me ofereceria para trabalhar como voluntário. E digo mais, se alguém tiver cacife para empreender neste sentido, pode contar comigo que eu entrarei como sócio e/ou colaborador.

2 comentários:

  1. Cleiton:

    Muito bom o enfoque que você deu. Eu também enviaria minhas filhas e digo mais. Estou estudando (não apenas lendo) o livro Deus, um delírio e elas já sabem que, por uma questão de integridade e imparcialidade, também deverão estudá-lo, uma vez que desde cedo só viram um lado da moeda.

    Abraços.

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  2. Como sempre, uma ótima postagem. Eu gostei da figura "Jesus é o Senhor"; vou bolar uma postagem só para poder usá-la(rs).

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