terça-feira, 13 de outubro de 2009

Houdini contra a Bruxa Loira da Rua Lime (9)

por Massimo Polidoro

(Continuação)

OPINIÕES DIVERGENTES


Houdini, convencido que tinha incontestavelmente mostrado que Margery era uma fraude, escreveu em um dos seus panfletos:

"Eu acuso a Sra. Crandon de praticar suas façanhas diariamente como um mágico profissional. Também que por causa de seu treinamento como secretária, sua longa experiência como uma musicista profissional, e seu corpo atlético, que ela não é simples e ingênua, mas uma mulher astuta, cheia de recursos extremos, e tira proveito de cada oportunidade para produzir uma 'manifestação'." (p. 23).


Carrington, o primeiro defendê-la, acusou Houdini de se interessar só em publicidade e declarou:

"A razão que eu não fui a Boston quando ele (Houdini) realizou suas sessões com 'Margery' foi que eu soube que ele não confiava em mim e eu soube que qualquer coisa que ele não pudesse explicar ele atribuiria à minha presença lá." (Boston Herald, 26 de janeiro, 1925).

Finalmente, não é surpreendente que um dos defensores mais árduos da médium era Conan Doyle:


"Este casal cheio de abnegação entedia com paciência exemplar todos os incômodos que surgiam das incursões destas pessoas irascíveis e injustas, enquanto que mesmo o grosso insulto que era infligido sobre eles por um membro do comitê não os impediu de continuar as sessões. Pessoalmente, penso que eles erraram sobre o lado de virtude, e que desde o momento que Houdini proferiu a palavra 'fraude' o comitê devia ter sido compelido ou a deserdá-lo ou a cessar suas visitas." (Doyle, 1930).

De acordo com Conan Doyle, os únicos membros honestos e fidedignos do comitê eram Carrington e Bird. Concernente a Bird, Conan Doyle disse que ele tinha um "cérebro melhor que Houdini" porque depois de 50 sessões espíritas "ele estava completamente convencido da genuidade dos fenômenos" (p. 18). No passado, Conan Doyle tinha expressado sua opinião em como formar um comitê "imparcial" :

"O que eu queria eram cinco bons homens de mente aberta que se agarrassem a isto sem preconceito absolutamente – como a Sociedade Dialética de Londres, que unanimemente endossou os fenômenos." (Progressive Thinker, 18 de abril, 1925).

A definição curiosa de Conan Doyle do termo "mente aberta" é ligada com a frase "acredita nos fenômenos e os endossa". Houdini não tinha uma "mente aberta" como Conan Doyle queria e ele também expressou sua surpresa que um comitê consistindo em cavalheiros pudesse ter permitido um ataque à reputação de uma senhora, e permitido a um homem "com padrões inteiramente diferentes fazer este ataque ultrajante".


O relatório oficial do comitê levou seis meses para ser completado. Os membros do comitê tinham jurado não revelar nada sobre as sessões até a publicação do relatório, enquanto Bird e o Dr. Crandon, não restritos por tal peso, alimentaram os jornalistas com o que Houdini considerou serem "mentiras negras".

Durante a irritação de Houdini, e a curiosidade do público pelo veredito do Comitê, um relatório preliminar foi publicado em outubro na Scientific American. Informava só os pareceres individuais dos membros, mas ao menos os libertava de seu juramento de confidencialidade. Houdini então publicou um panfleto por conta própria intitulado "Houdini Expõe as Fraudes Usadas pela Médium de Boston Margery" e começou uma excursão em que ele completamente expôs o ato de Margery.

Continua...

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