quarta-feira, 30 de junho de 2010

Abstêmio Sim, Chato Não!

por Cleiton Heredia


O dicionário Houaiss da língua portuguesa traz para a palavra abstêmio: que ou o que não ingere ou ingere muito pouco bebidas alcoólicas, moderado, sóbrio.

Popularmente falando é a pessoa que se abstém do uso de drogas de forma geral, porém mais especificamente de bebidas alcoólicas.

Alguns direcionados por princípios hedonistas entendem que abstêmio é uma pessoa fraca que se rende a tentação de negar um prazer a si próprio. Achei curiosa esta inversão de valores e fiquei imaginando o que seria de nossa sociedade se educássemos os nossos filhos assim: "Filho resista à tentação de não experimentar o barato que é cheirar uma carreirinha de cocaína. Isto é para os fracos que tem medo de sentir prazer. Você é forte, toma aqui o dinheiro e vai logo comprar um papelote".

Entendo que podem existir três motivações principais para uma pessoa escolher ser abstêmio em relação ao consumo de bebidas alcoólicas:

1- Princípios Religiosos: Algumas religiões recriminam o consumo de bebidas alcoólicas como, por exemplo, o islamismo.

2- Princípios de Saúde: Algumas pessoas se privam do consumo de bebidas alcoólicas devido a algum tipo de limitação física (doença) ou simplesmente na tentativa de serem mais saudáveis (pensamento de alguns poucos atletas de alta performance).

3- Gosto Pessoal: Tem gente que simplesmente não gosta de bebida alcoólica. Uns pelo sabor e outros pela sensação que ela provoca durante ou depois.

Já pertenci ao grupo número 1, porém a religião a qual pertencia tinha como principal argumentação a do grupo número 2, ou seja, não havia nenhuma proibição tão contundente quanto no islamismo, mas apenas uma orientação (recomendação) com base nos princípios de saúde.

Muito embora ainda mantenha praticamente os mesmos princípios de saúde do tempo em que eu era um religioso, pois não deixei de ver no álcool uma perniciosa droga socialmente aceita, entendo que tal postura poderia ser facilmente rebatida por alguém que faz uso das bebidas alcoólicas de forma super moderada e esporádica (um verdadeiro bebedor social).

Acredito que até poderia tornar-me um bebedor social sem transgredir os princípios de saúde que defendo, caso não fosse um pequeno "grande" detalhe: "EU NÃO GOSTO DE BEBIDA ALCOÓLICA!"

O sabor de algumas até que é apreciável, mas eu detesto a sensação de sentir-me meio "zonzo" e não conseguir raciocinar com clareza ou ter a minha coordenação motora comprometida. Isto sem falar no trauma de ter tido um pai que bebeu muito e fez muita "merda" (com o perdão da expressão) quando estava bêbado.

Portanto, quando me convidarem para algum tipo de reunião social, fiquem todos muito a vontade para tomar o que quiserem, pois não sou aquele tipo de abstêmio chato que fica recriminando e se achando melhor do que os outros só porque pensa de forma diferente. Se me pedirem posso até levar uma garrafa de vinho para o encontro e quem sabe degustar um pouco. Só não fiquem torrando minha paciência para beber mais do que eu quero ou tirando sarro só porque escolhi me "embebedar" com água tônica.

2 comentários:

  1. Cleiton,

    É assim mesmo. Eu até gosto do sabor de algumas bebidas, mas eu tenho dois problemas sérios: úlcera (tomo omeprazol todo dia) e problema sério no fígado. Comida gordurosa e bebida alcoolica me deixam com imensa "ânsia" de vômito.

    Penso igual você. Num encontro de amigos, um vinho de primeira linha, vai, mas bem pouco. Acho interessante a ideia de uma cerveja de bom nível em raras ocasiões.

    Mas eu sou e isso é fato, uma pessoa com organismo limitado. Mesmo que eu quisesse jamais seria um "bebum". A menos que aceitasse conviver com um mal-estar permanente...

    Não suporto, porém, os moralistas de plantão e os membros da confraria da fé cega e da faca amolada. Eles são bem piores que qualquer bebida alcoolica.

    Abraços.

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