sábado, 16 de outubro de 2010

A Travessia do Mar Vermelho - Mito ou Fato? (Parte 3)

por Cleiton Heredia


Vejamos o que afirmam aqueles que acreditam nas descobertas de Wyatt:

Depois de investigar sobre a rota que os israelitas tinham tomado no Êxodo do Egito, Ron Wyatt encontrou que, a descrição bíblica concorda perfeitamente com um barranco profundo chamado Wadi Watir. O livro de Êxodo explica como Deus conduziu os filhos de Israel, “Deus não os guiou pelo caminho dos filisteus, só porque era perto… Deus fez por isso o povo dar volta pelo caminho do ermo do Mar Vermelho”. (Êxodo 13:17,18). Aqui encontramos uma área extensa, aberta do deserto. Então em Êxodo 14:1,2 Deus disse que deram a volta afastando-se do caminho, na qual encontrou Ron e lhe conduziu a um barranco conhecido hoje como Wadi Watir. A Bíblia registra a reação de Faraó quando lhe informaram que haviam desviado do caminho, (Êxodo 14:3), ”Estão vagueando em confusão pelo país. O ermo os encerrou”, Wadi Watir é um barranco profundo largo que concorda com esta descrição perfeitamente.

Antes de entrarmos na questão acima convém mencionar o que disse os dois arqueólogos Finkelstein e Siberman (já mencionados na postagem anterior) sobre a escravidão dos hebreus no Egito:

"Mas não há pistas, nem mesmo uma única palavra, sobre antigos israelitas no Egito: nem nas inscrições monumentais nas paredes dos templos, nem nas inscrições em túmulos, nem em papiros. Israel inexiste como possível inimigo do Egito, como amigo ou como nação escravizada. E simplesmente não existem achados arqueológicos no Egito que possam estar associados de forma direta com a noção de um grupo étnico distinto (em oposição a uma concentração de trabalhadores migrantes de muitos lugares), vivendo numa área específica a leste do delta, como subentendido no relato bíblico sobre os filhos de Israel vivendo juntos na terra de Gessen (Gêneses 47,27)."

Não é estranho que um tempo de permanência tão longo como os 400 anos de escravidão no Egito não tenha deixado nenhum registro arqueológico para a posteridade?

Bem, não temos qualquer evidência arqueológica dos israelitas no Egito, mas será que temos algo sobre a fuga chamada na bíblia de "o êxodo"?

"[...] não é razoável aceitar a idéia de fuga de um grande grupo de escravos do Egito, através de fronteiras vigiadas por guarnições militares, para o deserto e depois para Canaã, numa época com colossal presença egípcia na região. Qualquer grupo escapando do Egito contra vontade do Faraó teria sido rapidamente capturado, não apenas por um exército egípcio que o perseguiria desde o delta, mas também por soldados egípcios dos fortes no norte do Sinai e em Canaã. De fato, a narrativa bíblica sugere o perigo da experiência de fugir pela estrada da costa. Assim, a única alternativa seria através das terras desérticas e desoladas da península do Sinai; mas a possibilidade de um grande grupo de pessoas caminhando por essa península também é contestada pela arqueologia." (Finkelstein e Silberman, 2003, p. 91-92).

Existe também outro problema que deve ser considerado que é a expressão "Mar Vermelho". Leia o que dizem os tradutores da Bíblia de Jerusalém:

"A designação de 'o mar dos Juncos', em hebraico yam sûf, é acréscimo. O texto primitivo dava apenas uma indicação geral: os israelitas tomaram o caminho do deserto para o leste ou o sudeste. O sentido desta designação e localização do 'mar de Suf' são incertos. Ele não é mencionado na narrativa de Ex. 14, que fala apenas em 'mar'. O único texto que menciona o 'mar de Suf' ou 'mar dos Juncos' (segundo o egípcio como cenário do milagre) é Ex. 15,4, que é poético." (p. 121).

Continua...

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